Índice sinalizava sessão positiva após pior desempenho mensal desde novembro do ano passado, mas mudou os rumos durante a tarde.
Após operar em alta durante toda a manhã, o Ibovespa virou para queda na tarde desta quinta-feira (1), puxado sobretudo pelas ações dos bancos, Petrobras e Vale. Às 16h16 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira acumulava variação negativa de 0,12%, a 62.786 pontos. Neste pregão, os investidores digerem as sinalizações de ritmo mais lento de cortes nos juros pelo Copom, além do resultado do PIB, que marcou alta de 1% no comparativo trimestral — a primeira desde 2015 — e queda de 0,4% na comparação anual, em linha com as projeções do mercado. No exterior, as atenções se voltam à possibilidade de os Estados Unidos deixarem o Acordo de Paris.
No mesmo horário, os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 disparavam 13 pontos-base, a 9,38%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançavam 14 pontos-base, a 10,47%, ambos próximos da máxima do dia. Na noite da última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária anunciou corte de 100 pontos-base na Selic, que passou ao patamar de 10,25%, atendendo às expectativas do mercado. O tom mais duro no comunicado do Banco Central, com ressalvas sobre a agenda de reformas que tramita no parlamento, porém, chamou a atenção dos especialistas, que agora esperam uma redução no ritmo de cortes já na próxima reunião, marcada para julho.
Já os contratos de dólar futuro com vencimento em junho apresentavam alta de 0,69% ante o real, sinalizando cotação de R$ 3,272, na máxima do dia. O dólar comercial, por sua vez, subia 0,26% ante o real, cotado a R$ 3,2448 na venda. Pesam no movimento da divisa os dados econômicos acima do esperado divulgados nos Estados Unidos.
Entre os destaques do dia, chama atenção entrevista concedida pela diretora-executiva da agência de classificação de risco S&P, Lisa Schineller, ao jornal O Estado de S. Paulo. A porta-voz da instituição disse que o agravamento da crise política aumenta o risco de rebaixamento da nota soberana do Brasil. Os recentes episódios políticos que enfraquecem o governo Temer, segundo ela, diminuem as chances de aprovação das reformas fiscais, “especialmente a reforma da Previdência”, no curto prazo. “Há o contraponto positivo, por outro lado, de que as investigações fortalecem as instituições no Brasil”, disse.
“Estamos caminhando na direção oposta à do grau de investimento”, afirmou Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset. Para ele, o principal driver do mercado neste pregão, assim como nas últimas semanas, é o agravamento constante da crise política. O especialista não vê motivos para o Ibovespa se manter nos atuais patamares e chama atenção para a iminência de quedas mais expressivas.
Confira ao que se atentar neste pregão:
Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) viraram para queda, acompanhando dia volátil do petróleo no exterior. As ações da Vale (VALE3; VALE5) também operam em queda.
As ações da JBS (JBSS3) dão continuidade à alta de 9% da véspera, após os controladores da empresa terem fechado acordo de leniência com o Ministério Público Federal, que prevê o pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões – a maior da história – no prazo de 25 anos. Nos últimos dois pregões, os papéis da companhia subiram 15%.
As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
C?d. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
GOAU4 | GERDAU MET PN | 4,26 | -4,48 | -11,25 | 47,18M |
ELET3 | ELETROBRAS ON | 13,17 | -4,22 | -37,64 | 12,78M |
BRAP4 | BRADESPAR PN | 18,45 | -3,50 | +27,31 | 48,94M |
MRFG3 | MARFRIG ON | 6,12 | -2,86 | -7,41 | 12,32M |
CSNA3 | SID NACIONALON | 6,68 | -2,62 | -38,43 | 38,22M |
As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:
C?d. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
BBSE3 | BBSEGURIDADEON | 29,80 | +2,41 | +8,37 | 93,20M |
UGPA3 | ULTRAPAR ON | 76,52 | +2,23 | +13,32 | 129,58M |
CSAN3 | COSAN ON | 36,69 | +1,83 | -1,35 | 48,17M |
SUZB5 | SUZANO PAPELPNA | 15,62 | +1,76 | +12,95 | 68,22M |
RENT3 | LOCALIZA ON | 44,17 | +1,59 | +36,15 | 64,20M |
* – Lote de mil ações 1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) |
Atividade econômica
O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta quinta-feira, resultado em linha ao esperado. Com isso, o país encerrou dois anos seguidos de recessão, a sequência mais longa da história. Sobre o primeiro trimestre de 2016, no entanto, o PIB encolheu 0,4% nos três primeiros meses deste ano.
Em nota, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que “hoje é um dia histórico”, com o país saindo da “pior recessão do século”. “O forte crescimento da economia neste início de ano é uma comprovação de que este processo [de perda de emprego, fechamento de empresas e perda de confiança dos investidores] já mudou. Ainda há um caminho a ser percorrido para alcançarmos a plena recuperação econômica, mas estamos na direção correta”, comemorou.
Copom
O mercado deve se ajustar ao Copom, que confirmou às expectativas ao cortar a Selic em 100 pontos-base, mas praticamente fechou as portas para a manutenção do atual ritmo de redução de 100 pontos da Selic ao citar reformas como “principal” fator de incerteza e sinalizar corte mais moderado “em relação ao ritmo adotado” nesta quarta. Assim, os juros futuros, que já precificam corte de 0,75 ponto percentual em julho, devem reforçar a posição conservadora.
Indicadores econômicos nos EUA
O setor privado norte-americano criou 253 mil empregos em maio, informou o ADP na manhã desta quinta-feira. O resultado superou as expectativas da mediana dos economistas consultados pela Bloomberg, de alta de 180 mil. No último levantamento, o indicador havia registrado criação de 177 mil empregos.
Ainda na maior economia do mundo, o número de pedidos de seguro-desemprego cresceu 13 mil, para 248 mil, na semana encerrada em 27 de maio, segundo o Departamento do Comércio.
Noticiário Político
O noticiário político segue movimentado. Na noite de ontem, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin decidiu que o presidente Michel Temer poderá deixar de responder a perguntas que forem feitas pela Polícia Federal (PF) sobre as citações a seu nome nas delações da JBS. O presidente vai responder por escrito às perguntas da PF. Na mesma decisão, Fachin negou novo pedido da defesa para suspender o depoimento à PF até o fim da perícia de uma gravação que consta no processo.
Além disso, o presidente enviou uma nova medida provisória que estabelece a organização básica dos ministérios e demais órgãos da Presidência. Assinada pelo presidente em fevereiro, a matéria criou o ministério dos Direitos Humanos, acrescentou o título “Segurança Pública” ao Ministério da Justiça e trouxe novamente o status de ministério à Secretaria-Geral da Presidência, ocupada por Moreira Franco, que com isso passou a ter foro privilegiado.
Atenção ainda para as movimentações de partidos e da Justiça sobre a manutenção de Michel Temer na presidência. O Valor Econômico informa que o PSDB paulista fez uma convocação de uma reunião para propor o rompimento com o governo. Por outro lado, a coluna Painel, da Folha, destaca que ganha força a aposta em decisão salomônica do TSE, que salvaria tanto Dilma quanto Temer. Os ministros, diz o jornal, não devem acolher a tese de separação das contas da campanha de 2014, mas sim a de que a ação teve seu objeto excessivamente ampliado no curso do processo.
Por fim, A Polícia Federal realiza na manhã de hoje mais uma fase da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, denominada de Ratatouille, com a finalidade de desarticular um esquema criminoso de desvio de recursos destinados ao fornecimento de merenda escolar e alimentação de detentos nos presídios no estado do Rio de Janeiro, tendo como contrapartida o pagamento de propina a autoridades públicas.
Bolsas mundiais
Junho começa com alta para a maior parte das bolsas europeias, com o mercado repercutindo positivamente a queda maior do que a esperada nos estoques de petróleo dos EUA, de acordo com dados do Departamento de Energia. Hoje, ao meio-dia, serão divulgados novos números que podem guiar os preços da commodity ao longo do dia.
Os olhos também estão voltados para o Reino Unido. A aposta da primeira-ministra britânica, Theresa May, de convocar novas eleições foi colocada definitivamente em questão após uma pesquisa de intenção de voto mostrar que a vantagem do seu Partido Conservador caiu para 3 pontos percentuais, apenas uma semana antes da votação. O fracasso em ganhar a eleição do dia 8 de junho com uma grande maioria pode enfraquecer May no momento em que negociações formais sobre a saída do Reino Unido da União Europeia estão previstas para começar, e a eventual perda da maioria parlamentar pelos conservadores pode tumultuar a política britânica.
Já os mercados acionários da China começaram o mês com viés negativo nesta quinta-feira, após o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do Caixin/Markit mostrar contração inesperada da indústria em maio, alimentando preocupações de que a economia possa estar desacelerando mais rápido do que o esperado. O indicador caiu para 49,6 no mês passado, abaixo da marca de 50 pontos, que separa crescimento de contração. O resultado veio abaixo da previsão de economistas de 50,1 para maio e do índice de 50,3 visto em abril, estendendo uma série de declínios a três meses desde a leitura de 51,7 em fevereiro. Com isso, o preço do minério de ferro também tem expressiva queda.