Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana

Confira no que ficar de olho nesta segunda e na semana antes de operar na B3

Os 5 eventos que vão agitar os mercados na semana
14 de agosto de 2017 Karen Bizanha

A sessão é de maior ânimo para os mercados globais com o maior alívio frente aos receios de uma guerra entre EUA e Coreia do Norte; por outro lado, os dados da China decepcionaram. Já por aqui, o mercado fica de olho na revisão da meta fiscal e nos obstáculos do governo para seguir adiante com as reformas. Confira os destaques:

1. Bolsas mundiais

A sessão é de alívio para as principais bolsas mundiais, após quatro dias de baixa na esteira da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte. O movimento ocorre após dois altos funcionários da área de segurança do governo americano, Mike Pompeo e H.R. McMaster, dizerem no domingo que um confronto militar com a Coreia do Norte não é iminente, apesar de apontarem que a possibilidade de guerra com o país é maior do que era há uma década. Eles tentaram oferecer garantias de que o conflito é evitável, mesmo tentando passar a mensagem de que apoiam as palavras duras de Trump em relação ao país asiático.

Já em artigo publicado ontem pelo The Wall Street Journal, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, e o Secretário de Estado do país, Rex Tillerson, afirmaram que o governo Trump vai continuar buscando soluções diplomáticas com o objetivo de garantir a “desnuclearização irreversível” da Coreia do Norte. “Os EUA não têm interesse numa mudança de regime ou reunificação acelerada da Coreia”, disseram no WSJ.

Por outro lado, o dia é de queda para as commodities. O minério de ferro tem baixa após os últimos números chineses de produção industrial, vendas no varejo e de investimentos em ativos fixos decepcionarem. A indústria da China, por exemplo, produziu 6,4% mais em julho do que em igual mês do ano passado, mas analistas consultados pelo Dow Jones Newswires previam acréscimo de 7%. Já no varejo, as vendas cresceram 10,4% na comparação anual de julho, ante projeção de ganho de 10,9%.

Às 8h10, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +1%

*FTSE (Reino Unido) +0,63%

*DAX (Alemanha) +1,19%

*Hang Seng (Hong Kong) +1,36% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,88% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,98% (fechado)

*Petróleo WTI -0,66%, a US$ 48,50 o barril

*Petróleo brent -0,83%, a US$ 51,67 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,53%, a 527 iuanes

* Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,64%, a US$ 74,71 a tonelada

2. Revisão de meta

Entre toda movimentação em Brasília, três grandes eventos devem ser o centro das atenções dos investidores, como os grandes testes do governo no período. O primeiro, nesta segunda-feira, é a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. Nesta segunda,  O presidente Michel Temer e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo Oliveira, terão hoje  a reunião final para definir em quanto vai aumentar a meta de déficit primário, com expectativa de que ela seja alterada de um déficit de R$ 139 bilhões para um rombo de R$ 159 bilhões em 2017. Para 2018 o dado deve ser revisado para R$ 149 bilhões negativos, ante o déficit de R$ 129 bilhões anunciado anteriormente.

Outro evento bastante importante é o debate sobre a TLP, a nova taxa de juros para empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo fontes disseram à Bloomberg, o governo mantém projeto da TLP,  após rumores sobre futuro da proposta levarem dólar a disparar e testar R$ 3,20 na sexta.  Vale destacar ainda que, por falta de quórum, a comissão especial que analisa a reforma política não conseguiu concluir a votação do parecer do relator, deputado Vicente Cândido (PT-SP), faltando votar três destaques. O colegiado volta a se reunir na terça-feira. A versão que for aprovada na comissão especial ainda terá que passar por dois turnos de votação no Plenário da Câmara dos Deputados e depois segue para o Senado.

3. Dificuldades políticas

O governo tenta retomar a agenda econômica, mas segue com as dificuldades já reveladas na semana passada com a pressão da base aliada. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, insatisfeitos com o número de vetos feitos pelo governo à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018, parlamentares ameaçam paralisar os trabalhos da Comissão Mista de Orçamento (CMO), justamente quando a equipe econômica precisará contar com o colegiado para aprovar mudanças nas metas fiscais de 2017 e 2018. Em mais uma frente de disputa entre governo e Congresso Nacional, ministros também podem ser convocados a dar explicações sobre a decisão. Se a tramitação das propostas de alteração nas metas demorar, o governo terá de continuar “cortando na carne” até que o Congresso aprove a nova meta de 2017, que permita um déficit maior. Isso poderia prejudicar ainda mais a oferta de serviços públicos. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem alertado o governo de que só enviar o projeto de lei para a alteração da meta fiscal não basta para autorizar novos gastos: é preciso que a lei esteja aprovada.

Enquanto isso, a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, informa que aliados de Temer colocaram na ponta do lápis, neste fim de semana, a erosão do capital político do presidente após a denúncia de Rodrigo Janot ter sido barrada. E, nas contas de um deputado planilheiro, o governo tem apenas 150 votos certos em apoio às novas regras da Previdência.

Enquanto a turbulência política continua, o Estadão informa que Temer está disposto a fazer um teste parlamentarista em seu governo, no último ano do mandato. Temer quer incentivar campanha em favor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para adotar o parlamentarismo no País, a partir de 2019, contendo uma “cláusula de transição” que permita instalar o novo sistema no fim do ano que vem.

4. Agenda econômica da semana

Como costuma ser em meio de mês, a agenda de indicadores será mais tranquila nos próximos dias. No exterior, destaque para a ata da última renunião do FOMC na quarta-feira (16) às 15h (horário de Brasília). Dados do PPI e CPI na última semana vieram abaixo do previsto, condizentes com a visão de que o aperto monetário seguirá uma linha gradualista, favorável aos ativos de países emergentes, como o Brasil. Na China, saem já neste domingo, a produção industrial e vendas no varejo.

Internamente, destaque para os números de vendas no varejo e IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de junho, que será apresentado na quinta-feira (17), às 8h30. “Encerrando os dados relativos ao segundo trimestre do ano, o dado deve mostrar estabilidade ou leve alta no mês em relação ao anterior”, afirmaram os analistas da Rosenberg Associados. Na quarta ainda sai o IGP-10, com projeção da LCA de leve queda de 0,03% na comparação mensal. Em geral, a expectativa é de que números não alterem a percepção do mercado de que a inflação segue baixa e a atividade se recupera gradualmente, sem diminuir substancialmente o hiato do produto e sem reduzir o espaço para queda da Selic.

5. Noticiário corporativo

Em destaque no radar corporativo, a Vale faz teleconferência sobre processo de conversão de ações, às 10h, após informar que 84,4% das preferenciais serão convertidas em ordinárias. Atenção ainda no noticiário sobre J&F: segundo o Valor, a controladora da JBS negocia a Eldorado com o grupo indonésio APP. No radar de recomendações, a Suzano foi elevada de neutra para outperform e Fibria, de underperform para neutra pelo Bradesco BBI.

Já entre os resultados, a B3 registrou um lucro líquido atribuível aos acionistas de R$ 163,315 milhões no segundo trimestre deste ano, ante um prejuízo de R$ 114 milhões registrado no mesmo período do ano anterior, intervalo em que a BM&FBovespa registrou um perda contábil por conta da venda da integralidade das ações da CME, mas sem efeito caixa. Já a Cesp registrou lucro líquido de R$ 56,8 milhões no segundo trimestre de 2017, um recuo de 44% ante o anotado em igual intervalo do ano passado. A Azul, por sua vez, registrou prejuízo de R$ 33,9 milhões, queda frente o prejuízo de R$ 120,1 milhões registrados no mesmo período do ano passado.

(Com Bloomberg e Agência Estado)