
Supremo contra o reajuste?
Ao menos seis dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal indicaram, em consulta feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, que são contra a inclusão de um reajuste salarial de 16,38% no orçamento da Corte para 2018. Este percentual de aumento foi aprovado em julho pelo Ministério Público Federal, mas para ter validade, é preciso que o Supremo encampe a proposta. Acontece que a proposta faria com que os salários dos procuradores, em alguns casos, superasse o dos ministros do Supremo, teto do funcionalismo público, atualmente em 33.700 reais.
O vaivém do IR
O presidente Michel Temer confirmou nesta terça-feira que o governo avaliou o aumento da alíquota do Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas com salários acima de 20.000 reais. Mas, após reação negativa, voltou atrás no início da noite. O discurso oficial do governo agora é que aumentos de impostos estão em análise, mas o IR está fora da lista. Os estudos acontecem poucas semanas após o aumento do imposto sobre combustíveis (PIS/Cofins) e mostram a corrida para cumprir as metas fiscais deste e do próximo ano, que sempre foram descritas pelo governo como imutáveis.
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Temer pede suspeição de Janot
A defesa do presidente Michel Temer entrou nesta terça-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com relação às investigações que envolvem o presidente. O pedido foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo. A defesa alega que a atuação de Janot nos casos relacionados ao presidente da República extrapolam os limites constitucionais. Se o pedido for aceito pelo STF, o atual chefe da Procuradoria-Geral da República fica impedido de atuar em casos que envolvam Temer. A defesa de Temer afirma que Janot mantém um “obstinado empenho no encontro de elementos incriminadores do presidente, claramente excessivo e fora dos padrões adequados e normais, bem como as suas declarações alegóricas e inadequadas, mostram o seu comprometimento com a responsabilização penal do presidente”. O caso da delação premiada da J&F e a denúncia contra Temer são utilizadas como exemplo desses excessos.
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Senado arquiva denúncias
O Conselho de Ética do Senado arquivou, por 12 votos a 2, a denúncia contra as senadores Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-RR), Vanessa Graziotin (PCdoB-AM), Regina Souza (PT-RN), Lídice da Mata (PSB-BA) e Ângela Portela (PDT-RR), por possível quebra de decoro parlamentar. Elas ocuparam por sete horas a mesa diretora do Senado no dia da votação da reforma trabalhista, em 11 de junho. A sessão foi tensa nesta terça no Conselho de Ética. Enquanto o presidente do conselho, João Alberto Souza (PMDB-MA), falava sobre o processo contra seis senadoras, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), tomou a palavra. Ele classificou a sessão de “ridícula”, uma vez que o próprio conselho havia absolvido o senador Aécio Neves (PSDB-MG), acusado de receber 2 milhões de reais em propina de Joesley Batista.
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Kroton compra Somos?
A companhia de ensino superior Kroton sinalizou ao grupo Tarpon que está disposta a desembolsar até 5 bilhões de reais pela Somos Educação, segundo informações do Brazil Journal. O valor é 33% maior do que o atual valor de mercado da Somos, de 3,75 bilhões de reais. As ações da Kroton fecharam em alta de 0,47%. Fora do Ibovespa, a Somos teve alta de 4,9%.
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Bitcoin recorde
A moeda digital bitcoin quebrou um novo recorde nesta terça-feira. A criptomoeda superou a cotação de 3.500 dólares pela primeira vez. Durante a tarde, os ganhos foram reduzidos, levando o preço para a casa dos 3.411 dólares. O aumento do interesse é visto como um reflexo do alívio do mercado com o desfecho de uma confusão envolvendo a criptomoeda. No último dia 1°, o bitcoin foi dividido em duas moedas virtuais: o bitcoin convencional e o bitcoin cash. O motivo da criação de uma “nova bitcoin” foi um conflito que se arrastava por anos, entre membros da comunidade, sobre a escolha de uma atualização de um software. Originalmente, o design da moeda exigia o armazenamento de informações na cadeia de código, o que tornava algumas operações lentas. Com a divisão, grupos antagônicos seguiram cada um o seu caminho.
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Disney sai do Netflix
O conglomerado de mídia Disney anunciou nesta terça-feira que vai retirar seu conteúdo da plataforma de streaming Netflix. De acordo com o presidente da Disney, Bob Iger, a empresa vai lançar sua própria plataforma de streaming em 2019. Segundo ele, a plataforma própria contará com filmes, produções do estúdio Disney, novos investimentos em conteúdo original da marca para a televisão e transmissões do canal esportivo ESPN. Após a divulgação da Disney, as ações da Netflix caíram mais de 4%.
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Google demite, WikiLeaks contrata
O engenheiro de software James Damore foi demitido do Google após escrever um relatório interno afirmando que o número de mulheres que trabalham na empresa em comparação ao de homens é menor devido a uma questão biológica, e não de discriminação. Damore se baseia na informação de que mulheres são menos interessadas em empregos com altos níveis de estresse, porque elas seriam mais ansiosas do que os homens. O presidente do Google, Sundar Pichai, disse que as afirmações do funcionário feriram o código de conduta ao reforçar graves estereótipos de gêneros. O ex-funcionário afirmou que sua demissão é um caso em que o Google não se mostra aberto às opiniões de seus empregados. Poucas horas depois, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, ofereceu emprego a Damore afirmando que “censura é para perdedores”.
Sobre o Mercado
A sessão promete ser de forte aversão ao risco para o mercado brasileiro, acompanhando o exterior em meio à tensão crescente entre os EUA e a Coreia do Norte. No Brasil, o mercado acompanha com atenção as notícias sobre possíveis altas de impostos, além de esperar pelo IPCA de julho. Na pauta da InfoMoneyTV, teremos às 14h a transmissão ao vivo da nova Carteira de ações Recomendada InfoMoney.
Confira os destaques desta quarta-feira (9):
1. Bolsas mundiais
A tensão geopolítica gera aversão ao risco após o presidente dos EUA Donald Trump alertar a Coreia do Norte com “fogo e fúria’. Assim, a busca por proteção valoriza iene e ouro.
Assim, as bolsas globais caem e ativos tidos como preferidos para proteção avançam reagindo à tensão crescente, enquanto o S&P futuro registra baixa. Vale destacar que, após a declaração de Trump, Pyongang afirmou na começo da manhã de hoje (9 – noite de quarta-feira no horário ocidental) que está estudando “cuidadosamente” a possibilidade de realizar um ataque com mísseis sobre o território dos Estados Unidos de Guam, no Oceano Pacífico.
Na Ásia, o índice sul-coreano Kospi cedeu 1,1%, enquanto o won registrou desvalorização. O índice japonês Nikkei liderou as perdas no continente, com queda de 1,29%, a maior desde o fim de março, e encerrou o pregão a 19.738,71 pontos. Influenciado pelo cenário geopolítico, o iene se fortaleceu ante o dólar durante a madrugada, pressionando ações de exportadoras negociadas em Tóquio. Na China, os mercados ficaram mistos, após a divulgação dos últimos dados de inflação do país. Em julho, a taxa anual de inflação ao consumidor chinês ficou em 1,4%, um pouco abaixo da previsão de analistas, de 1,5%, e a inflação ao produtor foi de 5,5%, em linha com as expectativas.
No mercado de commodities, o petróleo tem 1ª alta em três dias, revertendo baixa registrada mais cedo, enquanto os metais avançam em Londres com terremoto na China gerando possibilidade de maior uso dos produtos em eventual reconstrução; na China, vergalhão de aço também sobe
Às 8h13, este era o desempenho dos principais índices:
*CAC-40 (França) -1,55%
*FTSE (Reino Unido) -0,72%
*DAX (Alemanha) -1,14%
*Hang Seng (Hong Kong) -0,35% (fechado)
*Xangai (China) (fechado) -0,19% (fechado)
*Nikkei (Japão) -1,29% (fechado)
*Petróleo WTI +0,49%, a US$ 49,41 o barril
*Petróleo brent +0,56%, a US$ 52,43 o barril
*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian +1,07%, a 567 iuanes
2. Alta de impostos e revisão da meta
De acordo com reportagens dos principais jornais nesta quarta-feira, o governo do presidente Michel Temer recuou do plano de criar uma alíquota maior do imposto de Renda Pessoa Física após a forte reação contrária de deputados da base aliada e do empresariado. Contudo, outras medidas nesse sentido não estão descartadas para reforçar o caixa em 2018.
A Folha de S.Paulo diz que, para evitar novos aumentos de impostos, o governo ainda conta com a aprovação da reforma da Previdência, do Refis e de uma nova proposta para reoneração da folha de pagamento das empresas. No entanto, se essas iniciativas não forem aprovadas, o governo poderá recorrer a ideias em estudo na Receita Federal e no Ministério da Fazenda. A que está mais madura é a que prevê aumento da tributação de profissionais liberais que hoje recebem por meio de empresas e contribuem como pessoas jurídicas.
Já O Estado de S. Paulo diz que também está em análise o fim de benefícios fiscais dados a setores específicos como exportadores e indústria química. O Globo diz, por sua vez, citando técnicos não identificados da área econômica, que outros aumentos de impostos ainda estão em estudo, como a cobrança de IR sobre lucros e dividendos, o fim do Reintegra e uma ampla revisão da tributação sobre investimentos no mercado financeiro, como a isenção de IR para investimentos de pessoas físicas em letras de crédito rural e imobiliário, as LCA e LCI.
Atenção ainda para as dificuldades na aprovação da reforma da Previdência, segundo noticia o G1. De acordo com o blog de Gerson Camarotti para o portal, líderes dos três principais partidos do centrão – PP, PR e PSD – afirmam que não há condições de aprovar a reforma, ainda mais depois do desgaste de terem votado contra o prosseguimento da denúncia contra Temer e em véspera de ano eleitoral.
Neste cenário, a agência Reuters informa que Temer discutirá revisão da meta fiscal com Meirelles e ministros nesta quarta. A agenda de Temer traz reunião com Henrique Meirelles, Dyogo Oliveira e ministros da área política, mas sem especificar tema.
3. Noticiário político
Destaque ainda para o noticiário sobre a reforma política. Segundo a Folha de S. Paulo, a base do governo fez uma versão enxuta do texto da reforma política para ser votada em até dez dias na Câmara. O novo texto tem cinco pontos, mas não há acordo em torno de detalhes de todos eles, afirma a coluna Painel. Parte dos articuladores quer que uma fatia do dinheiro reservado para emendas de bancada seja usado para engordar o fundo que será criado para financiar campanhas, enquanto deputados resistem. A mudança diminuiria o volume de recursos que conseguem injetar nas bases.
Além disso, vale destacar que, no final da tarde de terça-feira, a defesa do presidente Michel Temer pediu ao STF a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para atuar em investigação relacionada ao presidente que está em tramitação na Corte. A defesa de Temer alega que o procurador age de forma pessoal em ações contra o presidente.
Ainda no noticiário político-jurídico, a Folha informa que o executivo Ricardo Saud, delator da J&F, fará um complemento de sua delação premiada em que irá relatar nomes de deputados atribuídos a valores que teriam recebido em dinheiro vivo para apoiar a eleição do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, em fevereiro de 2015.
4. Agenda de indicadores
O principal indicador brasileiro desta quarta-feira é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, a ser revelado às 9h (horário de Brasília). Após deflação de 0,23% em junho, o dado deve acelerar para 0,18%, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg, devendo furar o piso da meta e atingir menor nível desde fevereiro de 1999, mantendo aberta a porta aberta para o corte da taxa básica de juros. Para o UBS, o aumento do imposto sobre gasolina e energia elétrica trarão pressão ao dado. Por outro lado, preços de alimentos e de bens e serviços devem ajudar a minimizar alta.
Nos EUA, atenção para três indicadores. Às 9h30, será revelado o índice mede a produtividade e os custos de mão-de-obra de toda a economia norte-americana, excluindo-se a agricultura e a pecuária, referente ao segundo trimestre. Já às 11h, atenção para o wholesale inventories de junho: o relatório contém informações sobre as vendas e os estoques do setor atacadista norte-americano. Às 11h30, os mercados olharão para os dados semanais de estoque de petróleo.
5. Noticiário corporativo
A temporada de resultados é bastante movimentada nesta quarta-feira. A BR Properties teve prejuízo líquido de R$ 8,8 milhões no segundo trimestre de 2017, montante 67,0% abaixo do prejuízo de R$ 26,9 milhões registrado no mesmo período de 2016. Já a Iguatemi, dona de 17 shopping centers no País, teve lucro líquido de R$ 50,975 milhões no segundo trimestre de 2017, uma alta de 45,3% em relação ao mesmo período de 2016. Já a Gol registrou prejuízo de R$ 406,3 milhões no segundo trimestre de 2017, revertendo assim o lucro de R$ 309,5 milhões que havia anotado no mesmo período do ano passado. Já no radar de recomendações, o banco ABC Brasil foi elevado a outperform pelocommodities.
Atenção ainda para o InfoTrade de hoje (coluna diária de análise técnica do InfoMoney), com destaque para a sinalização de queda por parte do Ibovespa e a expectativa de venda para as ações da Light (LIGT3) (confira a análise completa clicando aqui).
(Com Agência Brasil, Agência Estado, Bloomberg e InfoMoney)